quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

As minhas viagens

O fim de um ano, início de outro traz consigo balanços, contas e planos para o futuro. No caso das minhas viagens em 2015, o balanço não podia ser mais positivo. Visitei lugares fantásticos e onde quero certamente voltar. As contas traduzem-se em 3 viagens e 5 países novos, a saber, Holanda em Março, Lituânia, Letónia e Ucrânia em Setembro e Irlanda em Novembro. Os planos para 2016 têm na mira 3 viagens, apenas 1 país novo mas que será, se tudo correr bem, num outro continente. 
Planos são apenas planos e estão sujeitos a alterações. Vou fazer figas para que tudo corra da maneira que desejo. 

Estes são até agora os países que já visitei.
Para além de Portugal, estive na: Alemanha, Andorra, Bélgica, Croácia, Espanha, Eslováquia, Eslovénia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Letónia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo; Mónaco, Polónia, Reino Unido (Inglaterra), Rep. Checa, Suiça, Ucrânia e Vaticano. 

sábado, 14 de novembro de 2015

Kiev - Ucrânia

Como referi antes, os voos Lisboa-Vilnius e Vilnius-Lisboa, na Ukrainian International Airlines, fizeram escala em Kiev. Para lá a escala foi de poucas horas mas no regresso escolhemos um voo com 10 horas de escala porque queríamos aproveitar para ir até à capital ucraniana. 
Com tudo o que se tem passado nos últimos meses, confesso que estava um pouco ansiosa e várias pessoas disseram que não devia ir. "Ah não, os problemas são no leste do país e em Kiev está tudo calmo." Dizia eu e não é que uma semana antes da viagem houve uma manifestação e uma explosão no centro da cidade!! Ainda assim, lá fomos nós conhecer um pouco da cidade e não podia ter sido mais calmo e pacífico, até porque nesse dia estava a decorrer uma corrida e as ruas da cidade estavam cortadas. Para além disso algumas das pessoas com quem nos cruzámos foram super simpáticas, a começar pelo rapaz que nos ajudou no metro, a polícia que perguntou se precisava de ajuda, a empregada de mesa do restaurante onde almoçámos... O tempo é que não nos ajudou nada e quando começou a chover a sério resolvemos voltar para o aeroporto e encurtar a visita. 

Falando no aeroporto, neste caso Boryspil, é fácil ir de lá até à cidade. Há uma companhia de autocarros, a SkyBus que opera 24 horas. É só sair do terminal do aeroporto e os autocarros estão logo lá. Para irem até ao centro, há duas opções: sair na 1ª paragem, perto da estação de metro da linha verde Kharkivska e a partir daí apanhar o metro para onde quiserem ou fazer como nós fizemos, sair na Estação Central, a última paragem. O bilhete de autocarro é comprado no interior do mesmo, o motorista vai recolher o dinheiro depois dos passageiros estarem sentados. O bilhete é 60 UAH.
Depois de chegar à estação e só entrar e atravessá-la, sair do edifício e virar à esquerda para chegar à estação do metro. 

Quanto ao metro, o nome das estações está em ucraniano e também no nosso alfabeto, no entanto o melhor é estudar bem o mapa antes de ir conhecer a cidade e assinalar que estações vos interessam. Nós entrámos na Vokzalna (linha vermelha) e saímos na Zoloti Vorota (linha verde). 

Assim que se sai do metro dá-se de caras com este monumento, o Portão Dourado. Esta estrutura foi o principal portão das fortificações de Kiev no século XI. Durante a Idade Média foi desmantelado, deixando poucos vestígios da sua existência. Foi completamente reconstruída pelas autoridades soviéticas em 1982, embora não existam imagens dos portões originais que sobreviveram. 
O monumento situa-se na esquina da rua Volodymyr e rua Yaroslaviv Val. 
Lá dentro existe um museu dedicado à história do monumento e às fortificações da cidade.

Depois de descermos uma avenida e percorrido parte da rua Khreshchatyk, chegámos à Praça da Independência, Maidan Nezalezhnosti. 
Ninguém diria que foi ali que meses antes aconteceram os violentos protestos da agitação civil que ficou conhecida como Euromaidan. Eu tive dificuldade em acreditar que era a mesma praça e por isso quando cheguei a casa tive de confirmar. 

Deixámos a praça para trás e tentámos encontrar a Catedral de Stª Sofia, um dos monumentos mais conhecidos da capital ucraniana. Esta catedral foi o 1º monumento do país a ser declarado Património Mundial da Humanidade.
O nome da catedral vem da conhecida Hagia Sofia em Istambul (que significa «Sagrada Sabedoria»), sendo por isso dedicada à Sagrada Sabedoria de Deus e não especificamente a uma Santa Sofia.
Começou a ser construída em 1037 e apenas foi concluída 2 séculos depois.
O bilhete para visitar a catedral é de 80 UAH. Nós não entrámos, com muita pena minha mas como o tempo estava a ficar cada vez pior, decidimos ir até ao Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas que fica em frente da catedral. 

Não é preciso pagar para se entrar no mosteiro, entrar na catedral e no recinto, apenas se paga para subir ao campanário. 
Vale mesmo a pena entrar na catedral, é linda, linda, é uma pena que não se possam tirar fotos. 
O Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas remonta ao século XII mas foi destruído durante o período soviético, tendo muitas das suas obras de arte sido retiradas, algumas transferidas para museus em Moscovo e São Petersburgo.
O mosteiro tal como agora o conhecemos, foi reconstruído em 1997-98.

Dentro do complexo do mosteiro existe este edifício, o Refeitório de João o Divino. É um edifício de tijolo rectangular que contém um salão de jantar para os irmãos, bem como várias cozinhas e despensas. 
O refeitório foi erguido em 1713, tomando o lugar do refeitório original de madeira. O seu interior foi reformulado em 1827 e 1837 e o trabalho de restauração foi realizado 1976-1981. 
Apesar de ser refeitório não deve ter funções de refeitório uma vez que enquanto lá estivemos saíram de lá pelo menos três ou 4 casais de noivos, pareciam casamentos em série. 

Subimos então ao campanário, depois de termos pago 14 UAH. 
O campanário do complexo de São Miguel das Cúpulas Douradas foi construído no século XVIII. Antes de chegarmos ao cimo e ao longo dos vários andares, passamos por um Lá museu dedicado à história do complexo. A exposição conta em pormenor a importância e a história trágica do local, bem como de outros edifícios religiosos na cidade demolidos pelos bolcheviques. 
Lá do cimo tem-se uma bela vista sobre a catedral do mosteiro. 

E num dos outros lados, uma vista para a rua que liga o mosteiro à Catedral de Stª Sofia. Esta vista fez-nos ter muita pena de não termos visitado a cidade num dia de sol. 

Assim que saímos do mosteiro começou a subir muito e tivemos que nos abrigar. Decidimos dar por terminada a curta visita à capital ucraniana, não sem antes almoçarmos. Deixem que vos diga, almoçámos num restaurante fantástico, Knyazhiy Grad, assim se chama ele. 

Confesso que não gostei muito da comida mas o espaço em si era lindo e o atendimento muito bom. Acabou da melhor maneira a visita a Kiev. 
Havia tanta coisa para ver mas o mau tempo decidiu atrapalhar-nos. Havemos de voltar.

domingo, 25 de outubro de 2015

Riga - Letónia

De Vilnius a Riga são mais ou menos 300 kms. Não foi propriamente um saltinho mas nós fomos até lá. 
Riga é uma cidade bonita, fácil de percorrer a pé e com muito para ver. O centro histórico vale mesmo a pena. Foi uma visita rápida e fiquei cheia de vontade de lá voltar. 

 A cidade foi fundada em 1201 por Albert de Bremen como base para as Cruzadas do Norte. Desenvolveu-se como o principal centro comercial do Báltico Oriental durante os dias de glórias da Liga Hanseática. Após a queda da Liga, Riga tornou-se parte do império sueco e depois do russo até se tornar a capital da Letónia independente em 1918. Riga permaneceu como a capital da República Socialista Soviética da Letónia durante o período soviético, e em 1990 tornou-se a capital da recém-independente Letónia.
Grande parte Riga foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e as ruínas permaneceram até a independência, quando o governo, percebendo o potencial turístico, começou a investir na reconstrução e restauração de edifícios antigos. Devido a esta restauração, Riga tem um dos centros históricos mais completos da Europa.

Às vezes não é fácil encontrar parques de estacionamento. Em Riga deixámos o carro num parque pago junto à Igreja de São Pedro e São Paulo, na Rua Citadeles. Esta é uma das igrejas ortodoxas da cidade e foi construída em 1785. 

Foi já na Rua Maza Pils que encontrámos uma das atracções da cidade, os Três Irmãos. O seu nome, foi-lhes atribuído há bastante tempo e diz a lenda que foram construídos pelos homens de uma só família.
Estas casas residenciais ocupam os números 17, 19 e 21 da rua. O edifício branco, nº 17, é o mais velho, data do século XV e o seu exterior é caracterizado pela decoração gótica e alguns detalhes renascentistas.
O exterior do nº 19, o amarelo, data de 1646 e em 1746 foi adicionado um portal de pedra. O estilo mostra influência do Maneirismo Holandês.
Por último, o nº 21 data do século XVII e apresenta um estilo Barroco. 
Neste local estava um senhor a vendar postais. Comprá-mos alguns e o senhor perguntou-nos de onde éramos. "Portugal" - respondemos nós! "Benfica, Sporting, Rui Costa" - disse ele. Logo de seguida começámos a ouvir uma música familiar, muito familiar, o nosso hino. De repente estávamos nós as 3 a cantar o hino e com uma lágrima no canto do olho. O senhor dos postais foi dizer aos músicos que estavam em frente ao edifício branco, de onde éramos e eles começaram a tocar. Deve ter sido algo combinado entre eles, o senhor dos postais mete conversa com os turistas, pergunta de onde são e vai dizer aos músicos e assim, ele vende os postalitos e os músicos recebem umas moedas. Combinado ou não, foi mesmo emocionante ouvir o hino tão longe de casa. 

O Centro Histórico de Riga está classificado como Património Mundial da Humanidade desde 1997. Pode ler-se no site da UNESCO que o Centro Histórico de Riga é uma ilustração viva da história europeia. Através de séculos, Riga tem sido o centro de muitos eventos históricos e um ponto de encontro para as nações europeias, conseguindo preservar as provas da influência europeia no seu desenvolvimento histórico, as fronteiras entre o Ocidente e o Oriente, e a intersecção das rotas comerciais e culturais.
 Riga tem sido sempre uma cidade moderna mantendo-se atenta às tendências arquitectónicas actuais, ao planeamento urbano, e, ao mesmo tempo, preservando a integridade da cidade no rumo do desenvolvimento.

É no coração do centro histórico que se encontra a Praça Dome, a maior praça da cidade. É aqui que se encontram as melhores esplanadas de cafés e os mais conceituados bares da cidade. A construção da praça começou no final do século XIX e terminou em 1936. 

 É na Praça Dome que se encontra a Catedral de Riga. Foi construída em 1211 como a Catedral do Bispo Alberto e, desde então, foi reconstruída várias vezes. Hoje exibe uma mistura de estilos arquitectónicos, Românico, Gótico e Barroco. A catedral é famosa pelo seu imponente órgão, usado em muitos concertos e recitais. 

Já vimos uma igreja ortodoxa, uma católica e agora é a vez de uma luterana. A Igreja de São João, construída no local do Palácio do Bispo Alberto. Situa-se na Rua Skārņu.

Também situada na Rua Skārņu, está a Igreja de São Pedro. Ao aproximar-nos da cidade, a torra desta igreja é bem visível e destaca-se de todos os outros edifícios. A igreja é um dos mais antigos e valiosos monumentos de arquitectura medieval nos estados do Báltico. 
Data de 1209, tendo sido inicialmente construída em madeira e depois reconstruída em pedra. Na sua torre encontra-se um elevador que permite aos visitantes subirem até à plataforma panorâmica que lhes oferece uma vista deslumbrante sobre o centro histórico, os seus velhos telhados vermelhos e sobre o rio Daugava. 

E chegamos à praça mais importante da cidade, a Praça Ratslaukums. As feiras durante a Idade Média realizavam-se aqui. Foi completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. 
Nesta praça destaca-se pela sua beleza, a Casa dos Cabeças Pretas. É no edifício da esquerda que se encontra o posto de turismo. Surpresa, têm mapas da cidade com informações em português.

A Casa dos Cabeças Pretas, construída no século XIV, pertencia ao Grémio dos Comerciantes da Liga Hanseática. Naquela altura era a casa mais luxuosa e prestigiada na cidade. Foi totalmente destruída e pilhada durante a Segunda Guerra Mundial. Só em 1999 se iniciaram os trabalhos de restauração que lhe devolveram os traços originais da época renascentista holandesa. 
Em frente à casa está a estátua de Rolando. 

Ainda na Praça Ratslaukums encontra-se também o edifício da Câmara Municipal

De praça em praça, chegámos à Praça Līvu. Foi construída em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Preserva um interessante complexo de edifícios residenciais do século XVIII. Também os edifícios do "Grande Grémio" (associação de comerciantes) e do "Pequeno Grémio" (associação de artesãos) remontam ao século XVIII. 
No verão, as esplanadas dos cafés da praça enchem-se de movimento, assim como os restaurantes e bares. À noite, os concertos ao ar livre também atraem muita gente.

A Torre da Pólvora, na Rua Smilsu, é uma das torres da muralha de Riga e o seu nome original era Torre da Areia. data de 1330. Foi reconstruída várias vezes e o seu novo nome foi-lhe atribuído no século XVII, devido ao facto de esta servir de armazém de pólvora. A torre alberga o Museu de Guerra da Letónia desde 1919. 

O Monumento da Liberdade, situado na avenida principal de Riga, Brīvības, é um memorial em honra dos soldados mortos durante a Guerra da Independência da Letónia. O povo Letão considera-o um importante símbolo da liberdade, da independência e da soberania do país. O monumento tem 42 metros de altura e foi inaugurado em 1935. 

Se já estiverem cansados do passeio pela cidade, perto do Monumento da Liberdade encontra-se um belo jardim. Foi lá que comemos as nossas sandochas. 

A Catedral do Nascimento de Cristo também se encontra na Avenida Brīvības. Construída entre 1876-1883, a maior catedral ortodoxa da cidade, foi durante a ocupação soviética, uma planetário e um restaurante. Após a independência do país, voltou a assumir as funções de igreja. É uma pena não ser possível tirar fotos no interior, é realmente bonito. 

O passeio por Riga estava quase a terminar. Ainda passámos pelo edifício da Ópera Nacional que se situa junto ao canal da cidade- Aqui reúne-se o orgulho cultural e a música letã. O edifício foi construído em 1863 como o teatro Alemão de Riga. Foi completamente restaurado em 1995. A ópera tem uma acústica excelente e permite desfrutar de espectáculos de ópera e ballet de classe mundial, bem como concertos de música pop. 

Nesta breve passagem por Riga com certeza ficaram algumas coisas por ver, especialmente as Ruas Alberta e Elizabetes onde se encontram vários edifícios em estilo Art Nouveau. Um terço dos edifícios do centro da cidade pertencem a este estilo. 
O que vi deixa-me vontade de voltar e o que não vi serve de desculpa para uma segunda visita. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Lituânia (2015) - Dia 4 * Kernavé

A manhã do nosso último dia na Lituânia não estava nada famosa mas como ficar no hotel não era opção, lá fomos nós até Kernavé. 
Kernavé situa-se a 35 kms de Vilnius. Foi uma das capitais medievais do Grande Ducado da Lituânia e hoje em dia é uma atracção turística bastante popular devido, principalmente, ao sítio arqueológico, que é Património Mundial da Humanidade desde 2004. Foi precisamente por se tratar de um Local UNESCO que quis lá ir. 

Eu tinha a indicação de que era preciso pagar para entrar no sítio arqueológico mas apesar do pórtico de entrada e dos torniquetes, a verdade é que não pagámos, nem sequer havia a quem pagar. 

O Sítio Arqueológico de Kernavė, situado no vale do rio Neris, representa um excepcional testemunho de cerca de 10 milénios de permanência humana nesta região. 
O que salta logo à vista ao chegar ao local são as impressionantes colinas. Era precisamente esta a imagem que eu tinha do local. Existem 5 e subindo uns quantos degraus, podemos chegar ao topo de todas elas.
Estas colinas são colinas-fortaleza ou castros. Existem mais colinas destas no pais, a maior parte delas, perto de rios e que ao longo dos séculos foram adaptadas pelo homem para servir de habitação e defesa.
Estas 5 colinas formaram uma área defensiva quando Kernavé foi um importante centro do estado da Lituânia nos séculos XIII e XIV. 
As colinas tinham diferentes propósitos. Numa situava-se a casa do grão duque, os comerciantes e artesãos viviam noutra e as outras colinas assumiam um papel mais defensivo.

Em todas as colinas havia pequenos povoados formados por edifícios de madeiras, quintais e ruas delimitadas por cercas. Durante os séculos XIII e XIV terão vivido aqui cerca de 2000 pessoas. 
Embora a cidade tenha sido destruída pela Ordem Teutónica nos fins do século XIV, o local permaneceu em uso até os tempos modernos.
Para além das colinas, o local preservou  antigos vestígios agrícolas, sepulturas e outros monumentos arqueológicos que vão do Paleolítico recente até a Idade Média. 

Estas pedras não estão ali por acaso, marcam sepulturas. Este local, é o sítio funerário mais antigo de Kernavé. 

O dia começava a ficar mais claro e com mais luz, as colinas ficaram ainda mais impressionantes e bem mais bonitas. 

 Por esta altura já nós estávamos ao pé do rio Neris. Depois de termos subido umas quantas colinas, bem merecíamos descansar à beira da água. 
Depois de uma sessão de fotografias, voltámos a subir uma colina e chegámos então aos séculos XIII e XIV. 

Não viajámos no tempo, apenas chegámos àquilo que é a reconstrução científica da aldeia e de como terá sido nos séculos XIII e XIV. 
Esta reconstrução foi possível após terem sido descobertos restos de construções de madeira bem como objectos de barro, couro, entre outros. Estes objectos estão expostos no museu de Kernavé. 

Estes achados deram aos investigadores informações preciosas sobre a vida das pessoas que viveram na aldeia. Aqui viveram joalheiros, ferreiros e outros artesãos. 


As casas eram construídas com troncos de madeiras e sem uso de pregos. Muitas tinham fornos, uma zona para habitação e outra para animais. 

O ataque da Ordem Teutónica em 1390 foi fatal para a aldeia, as casas de madeira e o castelo foram destruídos, nunca foram reconstruídos e esta antiga capital da Lituânia perdeu a sua importância. 
No início do século XV começou a construir-se a nova aldeia, num local mais acima da antiga. 
Neste espaço perto da actual igreja, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1920, é possível ver outros edifícios bem mais antigos. Ao centro encontra-se um cemitério usado entre os séculos XV e XIX e as fundações de uma igreja do século XVIII. 
O edifício branco no lado direito é o mausoléu da família Romeris-Puzina, datado do século XIX. 

No mesmo espaço encontra-se também esta pequena capela de madeira do século XVIII. Foi trazida de Kernavelė para aqui em 1822. 

Este edifício é o presbitério do século XIX. Tal como a capela anterior, é um exemplo de arquitectura vernecular/popular.  

Já tinha ficado encantada com as casas de madeira em Trakai e em Kernavé encontrei mais uns belos exemplares. São incrivelmente bonitas e cheias de charme. Acho que quero uma. 

E foi a ver casas que terminámos a nossa manhã em Kernavé. 
O nosso último dia na Lituânia ainda contou com uma aventura na fronteira com a Bielorrússia, da qual resultaram os primeiros carimbos no meu passaporte. Os detalhes da aventura ficam com as 3 viajantes. Depois disso, voltámos a Vilnius para nos despedirmos da capital lituana.

Fiquei com vontade de voltar à Lituânia. Tinham-me dito que era um belo país, agora posso confirmar isso mesmo e aconselho uma visita. 

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Lituânia (2015) - Dia 3 * Colina das Cruzes

O nosso terceiro dia foi dividido entre a Letónia e a Lituânia. A Letónia fica para depois, agora vou mesmo dedicar este post à Colina das Cruzes.
Para além de Trakai, a Colina das Cruzes era outro lugar que tinha muita vontade e curiosidade em conhecer. Já tinha visto fotos, recebido postais e também já me tinham falado neste lugar. Eu sabia que seriam muitas cruzes mas não imaginava que fossem assim tantas. Há de tudo, das mais minúsculas a algumas com metros de altura, das mais simples às mais elaboradas, feitas e esculpidas em madeira, de ferro, de aço, de pedra e até renda. Tudo depende do gosto, do talento, devoção ou promessa de quem lá as deixa.
Para além de cruzes há também estátuas e imagens de santos, crucifixos, terços, quadros, registos, etc. 

A Colina das Cruzes situa-se a 12 kms da pequena cidade de Siauliai e a uns 250 de Vilnius. Nós passámos por lá no regresso de Riga. 
A entrada é livre, apenas tem de se pagar o estacionamento. O preço varia consoante o tipo de veículo; para automóveis ligeiros é apenas de 0.90€.   

A Colina das Cruzes é um local de peregrinação muito visitado na Lituânia. As suas cruzes representam a devoção cristã e são um memorial à identidade nacional lituana.
A cidade de Siauliai foi fundada em 1236 e ocupada pelos Cavaleiros Teutónicos durante o século  XIV. A tradição de colocar cruzes data desse período e, provavelmente, surgiu pela primeira vez como um símbolo do desafio lituano aos invasores estrangeiros. Desde o período medieval, a Colina das Cruzes representa a resistência pacífica do catolicismo lituano à opressão. 

Em 1795, Siauliai foi incorporada na Rússia, mas foi devolvida à Lituânia em 1918. Muitas cruzes foram erguidas em cima do monte após a revolta de 1831. As famílias dos falecidos na revolta não puderam sepultar os seus familiares, foram então colocando cruzes em sua memória.  Em 1895, havia pelo menos 150 grandes cruzes, em 1914, 200, e por volta de 1940, havia 400 cruzes grandes cercadas por milhares de outras mais pequenas. 

A cidade foi capturada pela Alemanha na Segunda Guerra Mundial e sofreu graves danos quando a Rússia soviética a recuperou no final da guerra. 
De 1944 até a independência da Lituânia em 1991, Siauliai foi uma parte da República Socialista Soviética Lituana da URSS. Durante a era soviética, a peregrinação à Colina das Cruzes surgiu como uma expressão vital do nacionalismo lituano, no entanto os soviéticos foram removendo repetidamente as cruzes cristãs colocadas na colina pelos lituanos.

Por três vezes, em 1961, 1973 e 1975, a colina foi nivelada, as cruzes foram queimadas ou transformadas em sucata de metal e a área foi coberta com lixo e esgoto. Na sequência de cada uma dessas profanações, os habitantes locais e peregrinos de todo o país rapidamente começaram a substituir as cruzes.

Em 1985, a Colina das Cruzes foi finalmente deixada em paz. Desde então a reputação da colina tem-se espalhados por todo o mundo e todos os anos é visitada por muitos milhares de peregrinos e turistas.
O Papa João Paulo II visitou a Colina das Cruzes, em Setembro de 1993.

Não se sabe ao certo quantos cruzes existem no local, mas estima-se que sejam mais de 100.000 mas o número aumenta a cada dia que passa, já que todos os dias são lá colocadas novas cruzes. 

É realmente impressionante caminhar no meio de todas aquelas cruzes. Conseguimos encontrar uma portuguesa e uma imagem de Stº António, onde a Joana deixou o ser terço. 
Na descoberta da Lituânia, vale a pena passar por este local único.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Lituânia (2015) - Dia 2 * Trakai

A tarde do nosso 2º dia na Lituânia foi dedicada a Trakai e em especial ao seu castelo. Desde que recebi o meu 1º postal de Trakai e li sobre o local, fiquei com vontade de lá ir. Talvez tenhamos tido dúvida em relação a que outros locais visitar no país, mas a ida a Trakai nunca foi questionada, aliás, era o que mais queríamos visitar e foi a nossa tarde mais bem passada. 
De Vilnius a Trakai são só uns 20 e pouco kms. Esta proximidade à capital, faz que Trakai seja uma das principais atracções turísticas do país. Consegue perceber-se porquê. 

O Castelo de Trakai situa-se numa das ilhas do lago Galvé. A sua construção começou no século XIV por Kestutis e terminou por volta de 1409 já com Vitautas o Grande, filho de Kestutis. 
O castelo foi um dos principais dentro do Grão Ducado da Lituânia e teve uma grande importância estratégica. 

Como acontece com quase todos os castelos, também Trakai foi perdendo a sua importância militar. Foi depois adaptado a residência de verão e mais tarde prisão. 
Foi gravemente danificado no século XVII. A sua reconstrução só começou a ser pensada dois séculos mais tarde e foi concluída na década de 60 do século passado.  

O acesso ao castelo faz-se através de uma ponte de madeira, que lhe dá um aspecto ainda mais medieval. Não me admirava nada se aparecesse um cavaleiro a atravessá-la. Mas não, não apareceu nenhum, apenas muitos, muitos turistas, que tal como eu, estavam fascinados com este belo castelo e toda a paisagem envolvente. 

Mesmo sem pagar bilhete pode ter-se esta vista do átrio do castelo e o Palácio Ducal. Se quiserem visitar o interior, o preço do bilhete é de 6€ mais 1.16€ para poder tirar fotos. 

As minhas amigas não pagaram para tirar fotos e tiraram-nas na mesma, ninguém lhes veio perguntar nada. 

Depois de visitado o castelo, fomos dar uma volta pela vila. Trakai está rodeada por lagos, o Luka, o Totoriškės, o Galvė, o Akmena e o Gilušis. Galvé, onde se situa o castelo, é o mais profundo. 

Depois de deixar-mos as margens do lago, seguimos pela rua Karaimu. Logo no início da rua encontrámos este bonito edifício azul, antigo posto de correios. 

 Na mesma rua encontram-se várias casas tradicionais de madeira. São conhecidas como casas Karaimes. 

Os Karaimes são um pequeno grupo religioso e étnico, trazido da Crimeia para Trakai por Vytautas em 1397 e 1398.  

Também visitámos a Igreja Ortodoxa local. Foi construída em 1863 e hoje pertence à comunidade Ortodoxa Russa. 

Estava na hora de regressar a Vilnius mas custou-nos muito sair de Trakai. Gostámos tanto de lá estar. Falo por mim, acho que era capaz de lá passar o dia a tirar fotos. O lago, o castelo, os barcos, os patos, as casas... tudo se conjugou para criar um cenário perfeito.