A manhã do nosso último dia na Lituânia não estava nada famosa mas como ficar no hotel não era opção, lá fomos nós até Kernavé.
Kernavé situa-se a 35 kms de Vilnius. Foi uma das capitais medievais do Grande Ducado da Lituânia e hoje em dia é uma atracção turística bastante popular devido, principalmente, ao sítio arqueológico, que é Património Mundial da Humanidade desde 2004. Foi precisamente por se tratar de um Local UNESCO que quis lá ir.
Eu tinha a indicação de que era preciso pagar para entrar no sítio arqueológico mas apesar do pórtico de entrada e dos torniquetes, a verdade é que não pagámos, nem sequer havia a quem pagar.
O Sítio Arqueológico de Kernavė, situado no vale do rio Neris, representa um excepcional testemunho de cerca de 10 milénios de permanência humana nesta região.
O que salta logo à vista ao chegar ao local são as impressionantes colinas. Era precisamente esta a imagem que eu tinha do local. Existem 5 e subindo uns quantos degraus, podemos chegar ao topo de todas elas.
Estas colinas são colinas-fortaleza ou castros. Existem mais colinas destas no pais, a maior parte delas, perto de rios e que ao longo dos séculos foram adaptadas pelo homem para servir de habitação e defesa.
Estas 5 colinas formaram uma área defensiva quando Kernavé foi um importante centro do estado da Lituânia nos séculos XIII e XIV.
As colinas tinham diferentes propósitos. Numa situava-se a casa do grão duque, os comerciantes e artesãos viviam noutra e as outras colinas assumiam um papel mais defensivo.
Em todas as colinas havia pequenos povoados formados por edifícios de madeiras, quintais e ruas delimitadas por cercas. Durante os séculos XIII e XIV terão vivido aqui cerca de 2000 pessoas.
Embora a cidade tenha sido destruída pela Ordem Teutónica nos fins do século XIV, o local permaneceu em uso até os tempos modernos.
Para além das colinas, o local preservou antigos vestígios agrícolas, sepulturas e outros monumentos arqueológicos que vão do Paleolítico recente até a Idade Média.
Estas pedras não estão ali por acaso, marcam sepulturas. Este local, é o sítio funerário mais antigo de Kernavé.
O dia começava a ficar mais claro e com mais luz, as colinas ficaram ainda mais impressionantes e bem mais bonitas.
Por esta altura já nós estávamos ao pé do rio Neris. Depois de termos subido umas quantas colinas, bem merecíamos descansar à beira da água.
Depois de uma sessão de fotografias, voltámos a subir uma colina e chegámos então aos séculos XIII e XIV.
Não viajámos no tempo, apenas chegámos àquilo que é a reconstrução científica da aldeia e de como terá sido nos séculos XIII e XIV.
Esta reconstrução foi possível após terem sido descobertos restos de construções de madeira bem como objectos de barro, couro, entre outros. Estes objectos estão expostos no museu de Kernavé.
As casas eram construídas com troncos de madeiras e sem uso de pregos. Muitas tinham fornos, uma zona para habitação e outra para animais.
O ataque da Ordem Teutónica em 1390 foi fatal para a aldeia, as casas de madeira e o castelo foram destruídos, nunca foram reconstruídos e esta antiga capital da Lituânia perdeu a sua importância.
No início do século XV começou a construir-se a nova aldeia, num local mais acima da antiga.
Neste espaço perto da actual igreja, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1920, é possível ver outros edifícios bem mais antigos. Ao centro encontra-se um cemitério usado entre os séculos XV e XIX e as fundações de uma igreja do século XVIII.
O edifício branco no lado direito é o mausoléu da família Romeris-Puzina, datado do século XIX.
No mesmo espaço encontra-se também esta pequena capela de madeira do século XVIII. Foi trazida de Kernavelė para aqui em 1822.
Este edifício é o presbitério do século XIX. Tal como a capela anterior, é um exemplo de arquitectura vernecular/popular.
Já tinha ficado encantada com as casas de madeira em Trakai e em Kernavé encontrei mais uns belos exemplares. São incrivelmente bonitas e cheias de charme. Acho que quero uma.
E foi a ver casas que terminámos a nossa manhã em Kernavé.
O nosso último dia na Lituânia ainda contou com uma aventura na fronteira com a Bielorrússia, da qual resultaram os primeiros carimbos no meu passaporte. Os detalhes da aventura ficam com as 3 viajantes. Depois disso, voltámos a Vilnius para nos despedirmos da capital lituana.
Fiquei com vontade de voltar à Lituânia. Tinham-me dito que era um belo país, agora posso confirmar isso mesmo e aconselho uma visita.
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