De Vilnius a Riga são mais ou menos 300 kms. Não foi propriamente um saltinho mas nós fomos até lá.
Riga é uma cidade bonita, fácil de percorrer a pé e com muito para ver. O centro histórico vale mesmo a pena. Foi uma visita rápida e fiquei cheia de vontade de lá voltar.
A cidade foi fundada em 1201 por Albert de Bremen como base para as Cruzadas do Norte. Desenvolveu-se como o principal centro comercial do Báltico Oriental durante os dias de glórias da Liga Hanseática. Após a queda da Liga, Riga tornou-se parte do império sueco e depois do russo até se tornar a capital da Letónia independente em 1918. Riga permaneceu como a capital da República Socialista Soviética da Letónia durante o período soviético, e em 1990 tornou-se a capital da recém-independente Letónia.
Grande parte Riga foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e as ruínas permaneceram até a independência, quando o governo, percebendo o potencial turístico, começou a investir na reconstrução e restauração de edifícios antigos. Devido a esta restauração, Riga tem um dos centros históricos mais completos da Europa.
Às vezes não é fácil encontrar parques de estacionamento. Em Riga deixámos o carro num parque pago junto à Igreja de São Pedro e São Paulo, na Rua Citadeles. Esta é uma das igrejas ortodoxas da cidade e foi construída em 1785.
Foi já na Rua Maza Pils que encontrámos uma das atracções da cidade, os Três Irmãos. O seu nome, foi-lhes atribuído há bastante tempo e diz a lenda que foram construídos pelos homens de uma só família.
Estas casas residenciais ocupam os números 17, 19 e 21 da rua. O edifício branco, nº 17, é o mais velho, data do século XV e o seu exterior é caracterizado pela decoração gótica e alguns detalhes renascentistas.
O exterior do nº 19, o amarelo, data de 1646 e em 1746 foi adicionado um portal de pedra. O estilo mostra influência do Maneirismo Holandês.
Por último, o nº 21 data do século XVII e apresenta um estilo Barroco.
Neste local estava um senhor a vendar postais. Comprá-mos alguns e o senhor perguntou-nos de onde éramos. "Portugal" - respondemos nós! "Benfica, Sporting, Rui Costa" - disse ele. Logo de seguida começámos a ouvir uma música familiar, muito familiar, o nosso hino. De repente estávamos nós as 3 a cantar o hino e com uma lágrima no canto do olho. O senhor dos postais foi dizer aos músicos que estavam em frente ao edifício branco, de onde éramos e eles começaram a tocar. Deve ter sido algo combinado entre eles, o senhor dos postais mete conversa com os turistas, pergunta de onde são e vai dizer aos músicos e assim, ele vende os postalitos e os músicos recebem umas moedas. Combinado ou não, foi mesmo emocionante ouvir o hino tão longe de casa.
O Centro Histórico de Riga está classificado como Património Mundial da Humanidade desde 1997. Pode ler-se no site da UNESCO que o Centro Histórico de Riga é uma ilustração viva da história europeia. Através de séculos, Riga tem sido o centro de muitos eventos históricos e um ponto de encontro para as nações europeias, conseguindo preservar as provas da influência europeia no seu desenvolvimento histórico, as fronteiras entre o Ocidente e o Oriente, e a intersecção das rotas comerciais e culturais.
Riga tem sido sempre uma cidade moderna mantendo-se atenta às tendências arquitectónicas actuais, ao planeamento urbano, e, ao mesmo tempo, preservando a integridade da cidade no rumo do desenvolvimento.
É no coração do centro histórico que se encontra a Praça Dome, a maior praça da cidade. É aqui que se encontram as melhores esplanadas de cafés e os mais conceituados bares da cidade. A construção da praça começou no final do século XIX e terminou em 1936.
É na Praça Dome que se encontra a Catedral de Riga. Foi construída em 1211 como a Catedral do Bispo Alberto e, desde então, foi reconstruída várias vezes. Hoje exibe uma mistura de estilos arquitectónicos, Românico, Gótico e Barroco. A catedral é famosa pelo seu imponente órgão, usado em muitos concertos e recitais.
Já vimos uma igreja ortodoxa, uma católica e agora é a vez de uma luterana. A Igreja de São João, construída no local do Palácio do Bispo Alberto. Situa-se na Rua Skārņu.
Também situada na Rua Skārņu, está a Igreja de São Pedro. Ao aproximar-nos da cidade, a torra desta igreja é bem visível e destaca-se de todos os outros edifícios. A igreja é um dos mais antigos e valiosos monumentos de arquitectura medieval nos estados do Báltico.
Data de 1209, tendo sido inicialmente construída em madeira e depois reconstruída em pedra. Na sua torre encontra-se um elevador que permite aos visitantes subirem até à plataforma panorâmica que lhes oferece uma vista deslumbrante sobre o centro histórico, os seus velhos telhados vermelhos e sobre o rio Daugava.
E chegamos à praça mais importante da cidade, a Praça Ratslaukums. As feiras durante a Idade Média realizavam-se aqui. Foi completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial.
Nesta praça destaca-se pela sua beleza, a Casa dos Cabeças Pretas. É no edifício da esquerda que se encontra o posto de turismo. Surpresa, têm mapas da cidade com informações em português.
A Casa dos Cabeças Pretas, construída no século XIV, pertencia ao Grémio dos Comerciantes da Liga Hanseática. Naquela altura era a casa mais luxuosa e prestigiada na cidade. Foi totalmente destruída e pilhada durante a Segunda Guerra Mundial. Só em 1999 se iniciaram os trabalhos de restauração que lhe devolveram os traços originais da época renascentista holandesa.
Em frente à casa está a estátua de Rolando.
Ainda na Praça Ratslaukums encontra-se também o edifício da Câmara Municipal.
De praça em praça, chegámos à Praça Līvu. Foi construída em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Preserva um interessante complexo de edifícios residenciais do século XVIII. Também os edifícios do "Grande Grémio" (associação de comerciantes) e do "Pequeno Grémio" (associação de artesãos) remontam ao século XVIII.
No verão, as esplanadas dos cafés da praça enchem-se de movimento, assim como os restaurantes e bares. À noite, os concertos ao ar livre também atraem muita gente.
A Torre da Pólvora, na Rua Smilsu, é uma das torres da muralha de Riga e o seu nome original era Torre da Areia. data de 1330. Foi reconstruída várias vezes e o seu novo nome foi-lhe atribuído no século XVII, devido ao facto de esta servir de armazém de pólvora. A torre alberga o Museu de Guerra da Letónia desde 1919.
O Monumento da Liberdade, situado na avenida principal de Riga, Brīvības, é um memorial em honra dos soldados mortos durante a Guerra da Independência da Letónia. O povo Letão considera-o um importante símbolo da liberdade, da independência e da soberania do país. O monumento tem 42 metros de altura e foi inaugurado em 1935.
Se já estiverem cansados do passeio pela cidade, perto do Monumento da Liberdade encontra-se um belo jardim. Foi lá que comemos as nossas sandochas.
A Catedral do Nascimento de Cristo também se encontra na Avenida Brīvības. Construída entre 1876-1883, a maior catedral ortodoxa da cidade, foi durante a ocupação soviética, uma planetário e um restaurante. Após a independência do país, voltou a assumir as funções de igreja. É uma pena não ser possível tirar fotos no interior, é realmente bonito.
O passeio por Riga estava quase a terminar. Ainda passámos pelo edifício da Ópera Nacional que se situa junto ao canal da cidade- Aqui reúne-se o orgulho cultural e a música letã. O edifício foi construído em 1863 como o teatro Alemão de Riga. Foi completamente restaurado em 1995. A ópera tem uma acústica excelente e permite desfrutar de espectáculos de ópera e ballet de classe mundial, bem como concertos de música pop.
Nesta breve passagem por Riga com certeza ficaram algumas coisas por ver, especialmente as Ruas Alberta e Elizabetes onde se encontram vários edifícios em estilo Art Nouveau. Um terço dos edifícios do centro da cidade pertencem a este estilo.
O que vi deixa-me vontade de voltar e o que não vi serve de desculpa para uma segunda visita.