domingo, 25 de outubro de 2015

Riga - Letónia

De Vilnius a Riga são mais ou menos 300 kms. Não foi propriamente um saltinho mas nós fomos até lá. 
Riga é uma cidade bonita, fácil de percorrer a pé e com muito para ver. O centro histórico vale mesmo a pena. Foi uma visita rápida e fiquei cheia de vontade de lá voltar. 

 A cidade foi fundada em 1201 por Albert de Bremen como base para as Cruzadas do Norte. Desenvolveu-se como o principal centro comercial do Báltico Oriental durante os dias de glórias da Liga Hanseática. Após a queda da Liga, Riga tornou-se parte do império sueco e depois do russo até se tornar a capital da Letónia independente em 1918. Riga permaneceu como a capital da República Socialista Soviética da Letónia durante o período soviético, e em 1990 tornou-se a capital da recém-independente Letónia.
Grande parte Riga foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial e as ruínas permaneceram até a independência, quando o governo, percebendo o potencial turístico, começou a investir na reconstrução e restauração de edifícios antigos. Devido a esta restauração, Riga tem um dos centros históricos mais completos da Europa.

Às vezes não é fácil encontrar parques de estacionamento. Em Riga deixámos o carro num parque pago junto à Igreja de São Pedro e São Paulo, na Rua Citadeles. Esta é uma das igrejas ortodoxas da cidade e foi construída em 1785. 

Foi já na Rua Maza Pils que encontrámos uma das atracções da cidade, os Três Irmãos. O seu nome, foi-lhes atribuído há bastante tempo e diz a lenda que foram construídos pelos homens de uma só família.
Estas casas residenciais ocupam os números 17, 19 e 21 da rua. O edifício branco, nº 17, é o mais velho, data do século XV e o seu exterior é caracterizado pela decoração gótica e alguns detalhes renascentistas.
O exterior do nº 19, o amarelo, data de 1646 e em 1746 foi adicionado um portal de pedra. O estilo mostra influência do Maneirismo Holandês.
Por último, o nº 21 data do século XVII e apresenta um estilo Barroco. 
Neste local estava um senhor a vendar postais. Comprá-mos alguns e o senhor perguntou-nos de onde éramos. "Portugal" - respondemos nós! "Benfica, Sporting, Rui Costa" - disse ele. Logo de seguida começámos a ouvir uma música familiar, muito familiar, o nosso hino. De repente estávamos nós as 3 a cantar o hino e com uma lágrima no canto do olho. O senhor dos postais foi dizer aos músicos que estavam em frente ao edifício branco, de onde éramos e eles começaram a tocar. Deve ter sido algo combinado entre eles, o senhor dos postais mete conversa com os turistas, pergunta de onde são e vai dizer aos músicos e assim, ele vende os postalitos e os músicos recebem umas moedas. Combinado ou não, foi mesmo emocionante ouvir o hino tão longe de casa. 

O Centro Histórico de Riga está classificado como Património Mundial da Humanidade desde 1997. Pode ler-se no site da UNESCO que o Centro Histórico de Riga é uma ilustração viva da história europeia. Através de séculos, Riga tem sido o centro de muitos eventos históricos e um ponto de encontro para as nações europeias, conseguindo preservar as provas da influência europeia no seu desenvolvimento histórico, as fronteiras entre o Ocidente e o Oriente, e a intersecção das rotas comerciais e culturais.
 Riga tem sido sempre uma cidade moderna mantendo-se atenta às tendências arquitectónicas actuais, ao planeamento urbano, e, ao mesmo tempo, preservando a integridade da cidade no rumo do desenvolvimento.

É no coração do centro histórico que se encontra a Praça Dome, a maior praça da cidade. É aqui que se encontram as melhores esplanadas de cafés e os mais conceituados bares da cidade. A construção da praça começou no final do século XIX e terminou em 1936. 

 É na Praça Dome que se encontra a Catedral de Riga. Foi construída em 1211 como a Catedral do Bispo Alberto e, desde então, foi reconstruída várias vezes. Hoje exibe uma mistura de estilos arquitectónicos, Românico, Gótico e Barroco. A catedral é famosa pelo seu imponente órgão, usado em muitos concertos e recitais. 

Já vimos uma igreja ortodoxa, uma católica e agora é a vez de uma luterana. A Igreja de São João, construída no local do Palácio do Bispo Alberto. Situa-se na Rua Skārņu.

Também situada na Rua Skārņu, está a Igreja de São Pedro. Ao aproximar-nos da cidade, a torra desta igreja é bem visível e destaca-se de todos os outros edifícios. A igreja é um dos mais antigos e valiosos monumentos de arquitectura medieval nos estados do Báltico. 
Data de 1209, tendo sido inicialmente construída em madeira e depois reconstruída em pedra. Na sua torre encontra-se um elevador que permite aos visitantes subirem até à plataforma panorâmica que lhes oferece uma vista deslumbrante sobre o centro histórico, os seus velhos telhados vermelhos e sobre o rio Daugava. 

E chegamos à praça mais importante da cidade, a Praça Ratslaukums. As feiras durante a Idade Média realizavam-se aqui. Foi completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial. 
Nesta praça destaca-se pela sua beleza, a Casa dos Cabeças Pretas. É no edifício da esquerda que se encontra o posto de turismo. Surpresa, têm mapas da cidade com informações em português.

A Casa dos Cabeças Pretas, construída no século XIV, pertencia ao Grémio dos Comerciantes da Liga Hanseática. Naquela altura era a casa mais luxuosa e prestigiada na cidade. Foi totalmente destruída e pilhada durante a Segunda Guerra Mundial. Só em 1999 se iniciaram os trabalhos de restauração que lhe devolveram os traços originais da época renascentista holandesa. 
Em frente à casa está a estátua de Rolando. 

Ainda na Praça Ratslaukums encontra-se também o edifício da Câmara Municipal

De praça em praça, chegámos à Praça Līvu. Foi construída em meados do século XX, após a Segunda Guerra Mundial. Preserva um interessante complexo de edifícios residenciais do século XVIII. Também os edifícios do "Grande Grémio" (associação de comerciantes) e do "Pequeno Grémio" (associação de artesãos) remontam ao século XVIII. 
No verão, as esplanadas dos cafés da praça enchem-se de movimento, assim como os restaurantes e bares. À noite, os concertos ao ar livre também atraem muita gente.

A Torre da Pólvora, na Rua Smilsu, é uma das torres da muralha de Riga e o seu nome original era Torre da Areia. data de 1330. Foi reconstruída várias vezes e o seu novo nome foi-lhe atribuído no século XVII, devido ao facto de esta servir de armazém de pólvora. A torre alberga o Museu de Guerra da Letónia desde 1919. 

O Monumento da Liberdade, situado na avenida principal de Riga, Brīvības, é um memorial em honra dos soldados mortos durante a Guerra da Independência da Letónia. O povo Letão considera-o um importante símbolo da liberdade, da independência e da soberania do país. O monumento tem 42 metros de altura e foi inaugurado em 1935. 

Se já estiverem cansados do passeio pela cidade, perto do Monumento da Liberdade encontra-se um belo jardim. Foi lá que comemos as nossas sandochas. 

A Catedral do Nascimento de Cristo também se encontra na Avenida Brīvības. Construída entre 1876-1883, a maior catedral ortodoxa da cidade, foi durante a ocupação soviética, uma planetário e um restaurante. Após a independência do país, voltou a assumir as funções de igreja. É uma pena não ser possível tirar fotos no interior, é realmente bonito. 

O passeio por Riga estava quase a terminar. Ainda passámos pelo edifício da Ópera Nacional que se situa junto ao canal da cidade- Aqui reúne-se o orgulho cultural e a música letã. O edifício foi construído em 1863 como o teatro Alemão de Riga. Foi completamente restaurado em 1995. A ópera tem uma acústica excelente e permite desfrutar de espectáculos de ópera e ballet de classe mundial, bem como concertos de música pop. 

Nesta breve passagem por Riga com certeza ficaram algumas coisas por ver, especialmente as Ruas Alberta e Elizabetes onde se encontram vários edifícios em estilo Art Nouveau. Um terço dos edifícios do centro da cidade pertencem a este estilo. 
O que vi deixa-me vontade de voltar e o que não vi serve de desculpa para uma segunda visita. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Lituânia (2015) - Dia 4 * Kernavé

A manhã do nosso último dia na Lituânia não estava nada famosa mas como ficar no hotel não era opção, lá fomos nós até Kernavé. 
Kernavé situa-se a 35 kms de Vilnius. Foi uma das capitais medievais do Grande Ducado da Lituânia e hoje em dia é uma atracção turística bastante popular devido, principalmente, ao sítio arqueológico, que é Património Mundial da Humanidade desde 2004. Foi precisamente por se tratar de um Local UNESCO que quis lá ir. 

Eu tinha a indicação de que era preciso pagar para entrar no sítio arqueológico mas apesar do pórtico de entrada e dos torniquetes, a verdade é que não pagámos, nem sequer havia a quem pagar. 

O Sítio Arqueológico de Kernavė, situado no vale do rio Neris, representa um excepcional testemunho de cerca de 10 milénios de permanência humana nesta região. 
O que salta logo à vista ao chegar ao local são as impressionantes colinas. Era precisamente esta a imagem que eu tinha do local. Existem 5 e subindo uns quantos degraus, podemos chegar ao topo de todas elas.
Estas colinas são colinas-fortaleza ou castros. Existem mais colinas destas no pais, a maior parte delas, perto de rios e que ao longo dos séculos foram adaptadas pelo homem para servir de habitação e defesa.
Estas 5 colinas formaram uma área defensiva quando Kernavé foi um importante centro do estado da Lituânia nos séculos XIII e XIV. 
As colinas tinham diferentes propósitos. Numa situava-se a casa do grão duque, os comerciantes e artesãos viviam noutra e as outras colinas assumiam um papel mais defensivo.

Em todas as colinas havia pequenos povoados formados por edifícios de madeiras, quintais e ruas delimitadas por cercas. Durante os séculos XIII e XIV terão vivido aqui cerca de 2000 pessoas. 
Embora a cidade tenha sido destruída pela Ordem Teutónica nos fins do século XIV, o local permaneceu em uso até os tempos modernos.
Para além das colinas, o local preservou  antigos vestígios agrícolas, sepulturas e outros monumentos arqueológicos que vão do Paleolítico recente até a Idade Média. 

Estas pedras não estão ali por acaso, marcam sepulturas. Este local, é o sítio funerário mais antigo de Kernavé. 

O dia começava a ficar mais claro e com mais luz, as colinas ficaram ainda mais impressionantes e bem mais bonitas. 

 Por esta altura já nós estávamos ao pé do rio Neris. Depois de termos subido umas quantas colinas, bem merecíamos descansar à beira da água. 
Depois de uma sessão de fotografias, voltámos a subir uma colina e chegámos então aos séculos XIII e XIV. 

Não viajámos no tempo, apenas chegámos àquilo que é a reconstrução científica da aldeia e de como terá sido nos séculos XIII e XIV. 
Esta reconstrução foi possível após terem sido descobertos restos de construções de madeira bem como objectos de barro, couro, entre outros. Estes objectos estão expostos no museu de Kernavé. 

Estes achados deram aos investigadores informações preciosas sobre a vida das pessoas que viveram na aldeia. Aqui viveram joalheiros, ferreiros e outros artesãos. 


As casas eram construídas com troncos de madeiras e sem uso de pregos. Muitas tinham fornos, uma zona para habitação e outra para animais. 

O ataque da Ordem Teutónica em 1390 foi fatal para a aldeia, as casas de madeira e o castelo foram destruídos, nunca foram reconstruídos e esta antiga capital da Lituânia perdeu a sua importância. 
No início do século XV começou a construir-se a nova aldeia, num local mais acima da antiga. 
Neste espaço perto da actual igreja, Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída em 1920, é possível ver outros edifícios bem mais antigos. Ao centro encontra-se um cemitério usado entre os séculos XV e XIX e as fundações de uma igreja do século XVIII. 
O edifício branco no lado direito é o mausoléu da família Romeris-Puzina, datado do século XIX. 

No mesmo espaço encontra-se também esta pequena capela de madeira do século XVIII. Foi trazida de Kernavelė para aqui em 1822. 

Este edifício é o presbitério do século XIX. Tal como a capela anterior, é um exemplo de arquitectura vernecular/popular.  

Já tinha ficado encantada com as casas de madeira em Trakai e em Kernavé encontrei mais uns belos exemplares. São incrivelmente bonitas e cheias de charme. Acho que quero uma. 

E foi a ver casas que terminámos a nossa manhã em Kernavé. 
O nosso último dia na Lituânia ainda contou com uma aventura na fronteira com a Bielorrússia, da qual resultaram os primeiros carimbos no meu passaporte. Os detalhes da aventura ficam com as 3 viajantes. Depois disso, voltámos a Vilnius para nos despedirmos da capital lituana.

Fiquei com vontade de voltar à Lituânia. Tinham-me dito que era um belo país, agora posso confirmar isso mesmo e aconselho uma visita.