Foi no passado dia 1 de Setembro que parti com a Joana e a Tânia rumo à Lituânia. Bem antes da partida perdemos algumas horas à procura do voo ideal. A Joana encontrou-o através do site da
Abreu, assim como o
hotel onde ficámos em Vilnius. Voámos com a Ukrainian International Airlines e tanto na ida como no regresso fizemos escala em Kiev. No regresso conseguimos ir até à capital ucraniana mas essa aventura fica para depois.
Depois de dois voos nocturnos, chegámos a Vilnius e fomos buscar o carro que tínhamos previamente alugado através da
ADCRent, cuja agência fica convenientemente localizada perto do aeroporto.
Já ao volante do nosso Volkswagen Up, fomos deixar as nossas bagagens ao hotel e fomos depressa para o centro da cidade.
Quem como nós quiser alugar carro tem de ter atenção ao estacionamento. É pago e o preço varia consoante as zonas da cidade, mais caro no centro, mais barato à medida que nos afastamos do centro. Só depois de termos sido multadas duas vezes é que compreendemos como funcionava. Depois da 1ª multa no centro da cidade fomos procurar outro lugar para estacionar e encontrámos um parque perto da República Užupis
A República Užupis é um pequeno bairro separado do centro da cidade pelo rio Vilnia. É um local muito procurado por artistas e onde existem galerias de arte, workshops de artistas e cafés populares. Mas nem sempre foi um local tão popular. Durante o Holocausto os judeus que aqui viviam abandonaram o local e as casas vazias foram sendo ocupadas por marginais, sem abrigo e prostitutas. Até à declaração de independência da Lituânia em Março de 1990, Užupis era uma das zonas mais abandonadas e negligenciadas da cidade.
Foi em 1997 que a independência da República Užupis foi declarada e é celebrada anualmente a 1 de Abril.
Como qualquer república que se preze, existe uma bandeira, moeda local, presidente, um exército e claro, uma constituição que está afixada na rua Paupio e pode ser lida em várias línguas. Alguns dos artigos são bem curiosos: "Toda a gente tem o direito a morrer mas não é uma obrigação."; "Toda a gente tem direito a ter um gato e tomar conta dele."; "Um cão tem direito a ser cão."; "Toda a gente tem o direito a celebrar ou não celebrar o seu aniversário"; "Toda a gente tem direito a ser feliz."; "Toda a gente tem direito a chorar"; etc...
Este é sem dúvida um local interessante a ter em conta ao visitar Vilnius.
Pertinho da República Užupis encontra-se a Catedral Ortodoxa de Vilnius. Foi construída em 1346 pelo Grão Duque da Lituânia Algirdas para a sua esposa Uliana de Tver. Esta é uma das igrejas mais antigas de Vilnius, foi construída antes da cristianização da Lituânia quando o Grande Ducado da Lituânia era o último estado pagão da Europa.
A igreja foi destruída e reconstruída algumas vezes ao longo dos séculos e hoje em dia pertence à Igreja Ortodoxa Russa.
Existem várias igrejas em Vilnius, de várias religiões e em várias condições. Algumas delas não foram muito bem tratadas durante a ocupação Soviética, umas estão fechadas e outras a precisar de sérios trabalhos de restauro. Ainda assim é possível visitar umas quantas.
Estas duas eram as que eu mais queria ver. À esquerda está a Igreja de Stª Ana e à direita a Igreja dos Bernardinos.
A Igreja de Stª Ana, construída entre 1495-1500, é um exemplo dos estilos gótico flamejante, também chamado gótico flamboyant, e gótico dos tijolos.
Diz-se que Napoleão ao vê-la durante a Guerra Franco-Russa em 1812, a achou tão bonita que a quis levar para Paris.
A Igreja dos Bernardinos, também conhecida como Igreja de São Francisco de Assis, juntamente com a Igreja de Stª Ana, forma um impressionante conjunto de arquitectura gótica.
Fez parte das muralhas defensivas da cidade e foi construída no local onde existiu uma igreja de madeira datada do século XV, pertencente à ordem dos monges Bernardinos. A actual igreja gótica com elementos renascentistas e barrocos, data do século XVI.
Continuando pela rua Maironio e depois à esquerda pela rua B. Radvilaités, chegamos ao coração da cidade, a Praça da Catedral. Como é fácil de entender pelo nome, é nesta praça que se encontra a Catedral de Vilnius.
A
Catedral de Vilnius, dedicada aos santos Estanislau e Ladislau, é a principal igreja católica da Lituânia. O rei Jogaila iniciou a sua construção em 1387, o ano em que a Lituânia foi convertida ao Cristianismo.
Destruída e reconstruída a cada novo século, a catedral foi mudando de aparência. L. Gucevicius deu-lhe a presente forma Clássica com elementos góticos no final do século XVIII, e as estátuas exteriores foram colocados no século XIX.
No seu interior, na Capela de São Casimiro encontraram-se os restos do santo padroeiro da Lituânia e na cripta os restos de governantes do país e bispos.
O campanário com 57 metros de altura foi construído em 1522.
Nas traseiras da catedral encontra-se o
Palácio dos Grão Duques da Lituânia, originalmente construído no século XV para os governantes do Grande Ducado da Lituânia e futuros reis da Polónia.
O palácio evoluiu aos longos dos anos e prosperou durante os século XVI e XVII. Durante quatro séculos o palácio foi o centro político, administrativo e cultural da Commonwealth Polaco-Lituana.
Todos estes séculos de história não impediram que fosse demolido em 1801. A reconstrução começou já no século XXI e foi oficialmente aberto ao público apenas em 2013.
Numa das paredes exteriores do castelo encontra-se um relógio solar.
Ao lado do palácio encontra-se a estátua de Gediminas, Grão Duque da Lituânia.
A uma curta caminhada da Praça da Catedral, encontra-se a Torre de Gediminas, considerada o símbolo de Vilnius. Fazia parte do castelo construído no século XIV. No início do século XV foi reconstruído e fortificado.
Após ter sido danificado em 1655 aquando da guerra com Moscovo, não foi reconstruído. Depois da Segunda Guerra Mundial a torre foi restaurada e hoje em dia alberga um museu.
Deste local tem-se uma bela vista sobre a cidade.
Mesmo em frente à torre estão as ruínas do
Palácio Ducal.
Quem quiser evitar a subida até ao castelo pode optar pelo funicular.
Descemos novamente até à praça e seguimos até à
Rua Pilies, uma das principais e mais movimentadas ruas do centro histórico da cidade. Liga a Praça da Catedral à Praça da Câmara Municipal.
Ao longo da rua há vários cafés, restaurantes, lojas, vendedores de rua e jovens músicos a tentar ganhar uns trocos.
Foi nesta rua que encontrámos o
Dvaras, um simpático e bonito restaurante onde almoçámos uma vez e que cuja esplanada se pode ver na foto. A comida era boa e tendo em conta a localização, os preços eram muito bons, aliás, nunca pagámos mais de 7€ por nenhuma das refeições que fizemos na Lituânia e comemos sempre muito bem.
Perto da Câmara Municipal encontra-se a
Igreja de São Casimiro. É uma igreja católica mas durante a ocupação russa foi convertida numa igreja ortodoxa e mais tarde, durante a ocupação alemã em 1915 foi convertida numa igreja luterana; voltou para as mãos dos católicos em 1919.
Foi construída no início do século XVII e é a primeira e a mais antiga igreja barroca da cidade.
Um pouco mais à frente está esta bonita porta, a entrada para a
Igreja da Santíssima Trindade. A porta foi construída em 1761 e é um dos melhores exemplos da arquitectura Rococó na cidade.
Esta é uma das igrejas a precisar de obras e neste momento estão a recolher doações para ajudar nos trabalhos de restauro.
A igreja foi construída em 1514 em estilo Gótico com elementos bizantinos.
Desde o século XVII e durante 200 anos a igreja pertenceu aos Católicos Gregos. No século XIX passou para as mãos dos Ortodoxos Russos e no final do século XX voltou para os Gregos.
Num verdadeiro desfile de igrejas, segue-se a Igreja de Stª Teresa, construída pelos Carmelitas Descalços entre 1633-1654.
Logo a seguir está um dos principais monumentos religiosos, culturais e históricos da cidade, a Porta da Aurora. Foi construída entre 1503 e 1522 como parte das fortificações defensivas da cidade. Das nove portas que existiam na cidade apenas resta esta.
No século XVI as portas da cidade costumavam ter artefactos religiosos com o intuito de proteger a cidade de ataques e abençoar os viajantes. A Capela da Porta da Aurora contém um ícone da Abençoada Virgem Maria Mãe de Misericórdia. Há séculos que a imagem é um dos símbolos da cidade e objecto de veneração tanto para Católicos como para Ortodoxos.
Afastando-nos um bocadinho do centro da cidade, encontramos mais uma igreja,
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, e respectivo convento, ambos em muito mau estado.
O passeio do 1º dia estava quase a terminar, não sem antes passarmos pelo Bastião, parte da barreira defensiva da cidade. É uma construção em estilo renascentista, erguida na primeira metade do século XVII pelo engenheiro militar alemão, Friedrich Getkant.
O Bastião foi severamente danificado durante as guerras com Moscovo em meados do século XVII. Durante as Guerras Mundiais os alemães instalaram aqui arsenais militares.
A partir do espaço envolvente do Bastião é possível desfrutar de uma vista panorâmica da cidade.
Aqui terminou o passeio por Vilnius. Lá em baixo estava o nosso carro e mais uma multa. Foi a última!!
A noite tinha sido longa, o dia também, era hora de ir descansar.