Há muitos, muitos anos fui a Barcelos mas a única coisa que me ficou na memória foi a feira e os galos ou não fosse Barcelos a terra do galo mais famoso do país. Em Março de 2012 voltei a Barcelos, voltei à feira e, claro, voltei a encontrar vários galos.
Quanto a alojamento, fiquei na Residencial Arantes, muito bem situada, em frente do Campo da Feira e pertinho da Igreja do Senhor Bom Jesus da Cruz.
Ao falar de Barcelos, é impossível não falar do galo, até parecia mal de não o fizesse. Ao caminhar pela cidade podemos encontrar vários, de vários tamanhos e feitios. Acredito que toda a gente conheça a lenda do galo que é um verdadeiro embaixador da cidade, mas ainda assim aqui fica.
"Segundo esta lenda, os habitantes do burgo andavam alarmados com um crime e, mais ainda, com o facto de não se ter descoberto o criminoso que o cometera. Certo dia, apareceu um galego que se tornou suspeito. As autoridades resolveram prendê-lo e, apesar dos seus juramentos de inocência, ninguém acreditou. nele. Ninguém acreditava que o galego se dirigisse a S. Tiago de Compostela, em cumprimento de uma promessa, sem que fosse fervoroso devoto do santo que, em Compostela, se venerava, nem de S. Paulo e de Nossa Senhora. Por isso, foi condenado à forca. Antes de ser enforcado, pediu que o levassem à presença do juiz que o condenara. Concedida a autorização, levaram-no à residência do magistrado que, nesse momento, se banqueteava com alguns amigos. O galego voltou a afirmar a sua inocência e, perante a incredulidade dos presentes, apontou para um galo assado que estava sobre a mesa, exclamando: “É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem”. Risos e comentários não se fizeram esperar mas, pelo sim pelo não, ninguém tocou no galo. O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava a ser enforcado, o galo assado ergueu-se na mesa e cantou. Já ninguém duvidava das afirmações de inocência do condenado. O juiz correu à forca e viu, com espanto, o pobre homem de corda ao pescoço. Todavia, o nó lasso impedia o estrangulamento. Imediatamente solto foi mandado em paz. Passados anos voltou a Barcelos e fez erguer o monumento em louvor a S. Tiago e à Virgem." - in: http://www.cm-barcelos.pt/visitar-barcelos/barcelos/lenda-do-galo
A Igreja do Bom Jesus da Cruz situa-se no Largo da Fonte Nova e a sua origem está relacionada com o misterioso aparecimento de uma cruz de terra negra no chão do Campo da Feira em Dezembro de 1504. Com o intuito de proteger a cruz, foi logo construído um pequeno tempo. Dois séculos depois, iniciou-se a construção da igreja actual. É um dos mais notáveis exemplares da arquitectura barroca de influência italiano no país.
No interior da igreja encontra-se a imagem do padroeiro, o Senhor Bom Jesus da Cruz, uma escultura do início do século XVI, quase em tamanho real em madeira de carvalho.
No centro do largo encontra-se um chafariz que originalmente se encontrava num mosteiro em Vilar de Frades.
Esta é apenas uma torre mas tem muitos nomes, Torre do Cimo da Vila, Torre de Barcelos, Postigo da Muralha, Torre da Porta, Torre da Porta Nova ou Torre da Cadeia.
É a única torre que resta das três que fizeram parte da antiga muralha. Foi construída no século XV e serviu inicialmente como residência do alcaide.
Entre o século XVII e 1932 foi usada como cadeia. Desde 2013 funciona como Centro de Interpretação do Galo e da Cidade de Barcelos.
A Igreja Matriz de Santa Maria foi construída no século XIV na transição do estilo Românico para o Gótico. A torre sineira só foi construída XIII e no início do século XX foi acrescentada a rosácea da fachada.
Este é um pelourinho gótico que terá sido construído nos finais do século XV ou princípios do século XVI.
O Paço dos Condes de Barcelos foi erguido na primeira metade do século XV por iniciativa de Afonso I, Duque de Bragança. À época em que foi construído, este castelo apalaçado, era a construção mais rica de Barcelos.
A decadência deste Paço iniciou-se em finais do século XVIII e o terramoto de 1755 veio a acentuar ainda mais essa decadência. Nas ruínas que restam já não é visível a primitiva torre nem as quatro chaminés.
Em 1872, diante do estado ruinoso do edifício, o município de Barcelos, determinou demolir o que restava. Essa demolição jamais chegou a concretizar-se na totalidade, devido a diversos protestos populares. O que nos restou - pouco mais do que algumas paredes e uma chaminé tubular.
É aqui no Paço que se encontra o cruzeiro associado à Lenda do Galo de Barcelos.
No início do século XX, as suas ruínas passaram a albergar o Museu Arqueológico de Barcelos.
Aqui podemos encontrar peças que testemunham o povoamento do região desde a Pré-História. Sarcófagos medievais, símbolos heráldicos, marcos da Casa de Bragança, vários elementos arquitectónicos vindos de igrejas e conventos desmantelados e pedras brasonadas de antigas casas nobres já desaparecidas completam o espólio arqueológico em exposição.
Termino este passeio pelo centro histórico de Barcelos com vista para o rio Cávado e Ponte de Barcelos. A ponte foi construída no século XIV e liga Barcelos a Barcelinhos.
Ao longos dos séculos foi um importante local de passagem para os peregrinos do Caminho Português de Santiago e para as grandes feiras que se realizavam em Barcelos desde a Alta Idade Média.
Barcelos não é só o galo. Seja como peregrino a caminho de Santiago ou como turista à descoberta do Minho, recomendo uma visita à cidade.
2 comentários:
Adoro passear por Portugal. Gostei do texto sobre Barcelos.
Uma cidade onde nunca passei e nem visitei (quando voltar ao norte tenho de remediar isso). Obrigada pela partilha! Beijinhos.
P.S- agradeço, também, a tua visitinha ao meu blog.
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