O dia seguinte estava destinado à exploração da Mata Nacional do Bussaco com a minha amiga Cristina, no entanto o nevoeiro da manhã não me fazia acreditar que o dia pudesse vir a melhorar. Enganei-me!!
A Mata Nacional do Bussaco é uma área protegida localizada na Serra do Buçaco, freguesia de Luso. É candidata a Património Mundial da Humanidade. A vegetação é proveniente de vários locais do mundo e foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços nos primeiros anos do século XVII, encontrando-se delimitada pelos murros erguidos pela ordem para limitar o acesso a mata. Aqui podemos encontrar várias espécies de árvores e plantas, como por exemplo cedros, abetos, loureiros, faias, ulmeiros, sequóias, tílias, acácias, fetos gigantes, freixos e outros.
Para além desta herança paisagística e botânica, os frades também deixaram uma herança arquitectónica e cultural que se traduz no Convento de Santa Cruz, várias capelas, ermidas, fontes e portas.
A entrada a pé na mata é gratuita, nós levamos um carro e pagámos 5€. O bilhete é válido para o dia todo e pode-se sair e voltar a entrar. Os horários e preços podem ser consultados na página da Fundação da Mata do Bussaco.
Depois de estacionado a carro, começámos a nossa visita. Mesmo à nossa frente estava o Convento de Santa Cruz.
Juntinho ao convento encontra-se o Palácio do Bussaco, actualmente o Palace Hotel do Bussaco. Mesmo envolto em tanto nevoeiro, dá para perceber por que é considerado um dos mais belos e históricos hotéis do mundo.
Como o nevoeiro não convidava a grandes sessões fotográficas, decidimos entrar na mata.
Este passeio foi em Julho de 2013 e em Janeiro desse mesmo ano houve uma forte tempestade e algumas árvores da mata foram derrubadas, meses depois, algumas dessas árvores continuavam caídas.
Não deve ter sido uma tarefa nada fácil remover aqueles troncos.
Como disse antes, caminhando pela mata, é possível encontrar várias fontes, ermidas, capelas e portas.
Fonte da Samaritana.
Portas de Coimbra.
À entrada das Portas de Coimbra encontram-se expostas duas bulas papais, a primeira do Papa Gregório VIII, datada de 1622, proibindo, sob pena de excomunhão, a entrada de mulheres na Mata, e outra do Papa Urbano VIII, datada de 1643, proibindo, igualmente sob pena de excomunhão, maus tratos ou cortes ao arvoredo, e que constitui um dos primeiros documentos de protecção ambiental existentes em Portugal. - in: http://www.bussacopalace.com/pt/floresta-do-bussaco.html
Capela do Caifaz.
Um dos lugares mais encantadores da mata é a Fonte Fria. A cascata que desce os 144 degraus da fonte, é alimentada por 6 nascentes que existem na mata.
Esta linha de água segue para o Vale dos Fetos.
Este nome, Vale dos Fetos, deriva de um conjunto de fetos, do tamanho de árvores, que se encontram neste local. O arruamento do Vale dos Fetos foi construído em 1887-88.
Passámos a manhã a passear pela mata e quando já era hora de comer qualquer coisa, voltámos ao Luso para almoçar. Depois de comermos uma bela pizza e depois do sol ter decidido aparecer, regressámos à mata para uma desejada sessão de fotos junto ao palácio.
Apenas algumas horas separam esta foto da anterior com nevoeiro. Valeu a pena a espera.
O Palace Hotel é uma edificação neomanuelina, construída entre 1888, ano da aprovação do projecto de Luigi Manini, e 1907.
Já depois da Extinção das Ordens Religiosas, D. Maria Pia pretendeu criar neste espaço um palácio real, que rivalizasse com a Pena, mas os planos acabaram por não se concretizar e o então Ministro das Obras Públicas, Emídio Navarro, muito ligado ao Buçaco, propôs a construção de um palácio do Povo, ou seja, um hotel (ANACLETO, 2004, p.66).
Para tal, encarregou o cenógrafo Luigi Manini, que terminou as primeiras aguarelas em 1886. O plano foi aprovado em 1888 e as obras tiveram início ainda nesse ano. A antiga igreja, em torno da qual se encontravam as primitivas celas, foi conservada no seio do novo edifício, bem como algumas das estruturas conventuais. - in: http://www.fmb.pt/index.php/es/2012-03-14-16-37-08/conheca-a-mata.html?showall=&start=9
O palácio é considerado o último legado dos reis de Portugal e foi aqui que se realizou a última cerimónia oficial da monarquia portuguesa, aquando da comemoração do centenário da Batalha do Bussaco, a 27 de Setembro de 1910. Uns dias depois deu-se a implantação da república e o rei partiu para o exílio.
Por falar na Batalha do Bussaco, fora dos muros da mata, encontra-se o Monumento Comemorativo da Batalha do Bussaco. Na base encontra-se uma coroa de bronze descerrada por D. Manuel II em 1910, durante as comemorações do centenário da batalha.
O passeio terminou na Cruz Alta.
A Cruz Alta é o ponto mais alto da Serra do Bussaco. Do alto dos 547 metros, tem-se uma vista privilegiada da paisagem do Bussaco.
Num dia claro a vista pode alcançar o Oceano Atlântico (a Oeste), a Serra da Estrela (Sudeste) e a Serra do Caramulo (Nordeste).
Este foi sem dúvida um belo passeio e não posso deixar de recomendar uma visita ao Luso e em especial à Mata do Bussaco.
Uma última nota, quem quiser explorar a mata com mais tempo e mais detalhadamente, pode escolher um de vários percursos pedestres, deixo aqui algumas ideias.